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A sexualidade na terceira idade é permeada por muitos tabus e preconceitos. Mas o assunto deve ser tratado com normalidade, para evitar transtornos de vários aspectos, inclusive aumentando comportamentos de risco e a exposição a infecções sexualmente transmissíveis. Por isso, é essencial entender as mudanças no corpo e tomar os devidos cuidados com a saúde sexual nessa fase da vida.
O primeiro passo para abordar a sexualidade de idosos é tratar o tema como algo natural, como explica a assessora técnica da Coordenação da Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Helena Cerveira Lopes. “Se fala muito da questão de uma falsa assexualidade da pessoa idosa, como se a sexualidade fosse uma coisa exclusiva para pessoas mais jovens. É preciso colocar em pauta essa questão, já que, como ela é cercada de preconceitos pela sociedade, acaba refletindo na atuação dos profissionais de saúde, o que pode levar a falta de cuidados e ações relacionados à saúde sexual da pessoa idosa”, ressalta.
Mudanças na atividade sexual
Com o passar dos anos, as mudanças no corpo podem intervir no aspecto sexual, social e psicológico da pessoa idosa. Por isso, é preciso entender as transformações que fazem parte do processo de envelhecimento, como a diminuição natural na resposta aos estímulos sexuais.
Nos homens, reduz a produção de espermatozóides e testosterona após os 40 anos. Nas mulheres, existe a redução de hormônios durante a menopausa. As modificações no corpo podem intervir no aspecto sexual, social e psicológico da pessoa idosa.
De acordo com Helena Cerveira, há formas de amenizar essas mudanças fisiológicas. “Por exemplo, a pele geralmente fica mais fina e mais seca. Então, o uso do lubrificante é muito benéfico, principalmente para as mulheres idosas que acabam tendo ressecamento vaginal, o que pode até machucar. Além disso, o preservativo feminino ajuda na questão do empoderamento da mulher idosa e auxilia na diminuição do medo de perder ereção, freqüente nessa idade, já que a camisinha feminina pode ser colocada antes do ato sexual”, orienta.
Além disso, é importante compreender que a sexualidade não se resume ao ato sexual. “Quando se fala de sexualidade, precisamos entender que ela não se restringe ao ato sexual em si, mas também compreende o tom de voz, beijo, toque, cheiro, entre outras coisas. É plenamente possível que a pessoa idosa, como qualquer outro ser humano, vivencie a sexualidade como uma importante dimensão da sua vida”, ressalta Helena Cerveira.
A cartilha do idoso explica que é importante manter hábitos saudáveis e fazer exames para saber como está a sua saúde. Muitas vezes, o desempenho sexual pode estar relacionado a algum problema de saúde, como diabetes, colesterol alto, fumo, álcool, menopausa e uso de alguns medicamentos. A cartilha também alerta sobre o uso de medicamentos que prometem melhorar o desempenho sexual. Todo medicamento só deve ser usado sob orientação médica.
Cuidados com as infecções sexualmente transmissíveis
Na última década, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) têm afetado a saúde dos idosos, principalmente pela ausência do uso de preservativo. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2018, do Ministério da Saúde, o número de casos de HIV entre pessoas acima dos 60 anos aumentou 81% entre 2006 e 2017, sendo que as taxas aumentaram tanto para homens quanto para mulheres.
Os profissionais de saúde possuem papel fundamental no enfrentamento desses agravos. “Sobre o uso de preservativos e demais cuidados, é importante que os profissionais de saúde estejam capacitados e sensibilizados para tocar nessa temática com os idosos, além de orientar para o autocuidado e auxiliar sobre todas as dúvidas relacionadas ao tema”, disse.
Os cuidados de prevenção necessários para a pessoa idosa são os mesmos para todas as idades. “A população idosa, assim como toda a população sexualmente ativa, precisa fazer uso do preservativo. Muitas vezes as pessoas idosas não utilizam o preservativo porque existem preconceitos e crenças equivocadas, como o fato de acreditar que previne somente gravidez ou que tira completamente a sensibilidade, por exemplo. Por isso, é essencial que o profissional de saúde possa falar livremente sobre o assunto”, explica.
fonte: blog saúde